Dia 13 de Julho
Carta 6
305. Porém, fiquei calado
e não discuti com os homens. Percebi que suas mentes estavam cheias daquelas
tradições, tão sólidas e duras como pedra. Esta foi nossa última refeição
juntos, em volta da mesa.
306. Deveria ser um
momento de paz entre nós e uma despedida amorosa. Era duplamente importante
para meus discípulos, porque a Páscoa era um acontecimento muito sagrado para
as suas mentes judias e isso eu teria que aceitar com um espírito de amor e
compreensão.
307. Antes daquela noite,
eu não havia celebrado a Páscoa, uma vez que a tradição me desgostava. Preferia
subir às colinas tranquilamente, para meditar, deixando meus discípulos
celebrarem a Páscoa com suas famílias.
308. Por causa daquele
hábito, eles não estranharam meu silêncio no momento. Eu estava meio recostado,
meio sentado, incapaz de relaxar como costumava fazer – tenso, contraído,
compassivamente caloroso para com meus discípulos – ainda que aborrecido com
eles.
309. Perguntava-me como
poderia deixar para estes seguidores sonolentos e confusos, um sinal efetivo
como recordação, - algum ritual que trouxesse de volta às suas mentes confusas,
tudo o que eu estava tentando ensinar. Eu queria sacudi-los e tirá-los daquela
fixação pelo sangue.
310. Enquanto escutava a
conversa sobre Moisés e seus atos milagrosos, me ocorreu que se eles estavam
tão preocupados com sangue – então eu daria sangue a eles, para que se
lembrassem de mim. Inclinei-me sobre a mesa, peguei o pão e parti em vários
pedaços, dizendo bruscamente: “Eu sou como seu Cordeiro Pascal.
311. Distribuam este pão
entre vocês e peguem cada um a sua parte; comam e façam isto em minha honra,
por ter trazido a vocês a única VERDADE que o mundo já ouviu. Deixem que este
pão seja o símbolo de meu corpo, que está a ponto de ser maltratado na cruz”.
312. Pararam de conversar
e olharam para mim. “Vamos, comam”, eu disse. Como em um sonho, silenciosamente
tomaram um pedaço de pão, passaram-no aos outros e todos comeram a sua parte.
313. Então peguei uma
grande taça de vinho e disse para beberem e passarem aos outros. “Este vinho é
o símbolo de meu sangue. Eu vim para dar a vocês a VERDADE. A Verdade sobre
Deus – a Verdade sobre a vida. Porém, eu fui rejeitado. Meu sangue correrá por
vocês”.
314. Novamente, em
silêncio, beberam da taça e a passaram entre si. Suas faces estavam tensas, mas
não disseram nada. Era óbvio que todos estavam comovidos pelas minhas palavras,
que não agradava a eles.
315. Eu sabia que Judas
tinha recebido dinheiro para apontar-me aos soldados do Sumo Sacerdote, quando
o momento chegasse. Também sabia que a noite da Páscoa seria aquele momento.
Então disse a Judas: “Vá logo e faça o que tem que fazer”.
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