Dia 8 de Fevereiro
Carta 2
29. Por fim cheguei a minha aldeia, Nazaré, e o povo caçoou
abertamente de mim, apontando meu aspecto imundo e minha roupa rasgada.
“Vagabundo, preguiçoso, sujo” foram algumas das palavras mais amáveis que me
lançaram.
30. Cheguei à porta de minha mãe com um sentimento de pavor,
pois eu sabia que ela ficaria mais chocada do que seus vizinhos ao me ver
diante dela: magro, mostrando os ossos sob a pele, os olhos fundos, as
bochechas vazias, a face queimada, os lábios rachados do sol, a barba longa e
embaraçada.
31. E a roupa! Ficaria furiosa ao ver minha roupa – sua cor
original totalmente irreconhecível pelo pó do deserto e o tecido desfeito e
rasgado.
32. Subi os degraus e preparei-me para aguentar a fúria de minha
mãe. Quando chamei, minha irmã veio à porta. Olhou-me boquiaberta, assustada e
com os olhos arregalados e bateu-me a porta na cara. Ouvi-a correr para os
fundos da casa, gritando:
— Mãe, venha depressa, há um homem velho e sujo na porta.
33. Escutei minha mãe resmungando irritada para si mesma,
enquanto corria para a porta. Abriu-a de repente e ficou paralisada pelo
choque. Eu sorri por um momento, ela olhou-me de cima a baixo cada vez mais
horrorizada ao dar-se conta de que este homem de terrível aspecto era de fato
seu filho rebelde, Jesus.
34. Estendi minha mão para ela, dizendo:
— Sei que causo pena a você, mas pode ajudar-me?
Imediatamente sua expressão mudou e, levando-me para dentro,
trancou a porta.
35.— Depressa, – disse para minha irmã assustada. Deixa de escândalo
e põe água para ferver. Seu irmão está morto de fome. Não importa em que
confusão se meteu, ele é da família. Temos que cuidar dele.
36. Suavemente me ajudou a tirar a roupa, inclinou-me sobre um
grande recipiente de água e esfregou-me até ficar limpo. Lavou-me, cortou meu
cabelo e barba e cuidadosamente cobriu as feridas do meu corpo e lábios com uma
pomada cicatrizante.
37. Nenhum de nós quebrou o silêncio. Saboreei o amor que ela me
demonstrou e tentei demonstrar minha gratidão com uma atitude mais doce e
sensível.
38. Depois de vestir-me uma túnica limpa, ela serviu-me uma
refeição frugal de pão, leite e mel. Relutante, deu-me vinho para recuperar as
forças, embora estivesse claro que ela pensava que era o vinho a grande causa
de minha terrível situação.
39. Então conduziu-me até a cama e cobriu-me. Dormi por várias
horas e acordei revigorado pela luminosa manhã de sol que se via pela janela.
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