Dia 5 de Abril
Carta 3
237. Se podiam esquecer tão rapidamente todos os meus
ensinamentos sobre o “Amor do Pai” e desfrutar a horrível história da Páscoa,
enquanto eu ainda me encontrava na mesma sala com eles – de que se recordariam
quando morresse como um “malfeitor” na cruz, a mais desprezível das mortes?
238. Depois pensei que, se o “derramamento de sangue” os comovia
tanto, daria a eles sangue para que se recordassem de mim! Com essas reflexões
irônicas apanhei um pão, parti-o, passei-o a meus discípulos e disse que o
comessem.
239. Comparei o pão partido com o futuro de meu corpo partido e
pedi que repetissem o “partir o pão e o distribuir” em lembrança do sacrifício
de meu corpo para trazer a VERDADE – a Verdade sobre Deus e a Verdade sobre a
Vida, a Verdade sobre o Amor. Percebendo que eu estava com um humor estranho,
240. pararam de comer, escutaram, pegaram o pão e comeram em
silêncio. A seguir, tomei minha taça de vinho e a entreguei, dizendo que cada
um devia beber dela, posto que era o símbolo de meu sangue que logo seria
derramado porque tinha me atrevido a trazer a Verdade da Existência.
241. Vi que meu tom de voz tinha tocado a alguns deles.
Sobriamente, cada um tomou um gole e depois passou a taça para quem estava a
seu lado. Mas ainda não diziam nada. Percebiam que eu estava sério e que já não
toleraria mais discussões. Então eu disse que um deles me trairia.
242. (Em segredo entendia os seus motivos e sabia que ele era
uma parte necessária da futura sequência de acontecimentos. Simplesmente
cumpria o papel que sua natureza o levava a desempenhar. Eu sabia que ele
sofreria muito e senti compaixão por ele. Mas guardei estes pensamentos só para
mim).
243. Ao mencionar que um deles me trairia, disse a Judas que
saísse para fazer rapidamente o que tinha que fazer; os discípulos despertaram,
se perguntando se realmente aquela era sua última ceia comigo. Havia muita
angústia emocional, perguntas, inclusive recriminações por tê-los colocado em
tal armadilha.
244. Outra vez, perguntaram-se o que fariam de suas vidas depois
que eu me fosse. Perguntavam-se qual seria seu lugar na comunidade se eu fosse
crucificado. As pessoas zombariam deles, queixavam-se. Ninguém voltaria a
confiar no que dissessem.
245. Profundamente entristecido pela resposta egoísta diante de
minha situação, assegurei a eles que não tinham que temer por sua própria
segurança. Deveriam abandonar-me e não haveria ligação entre eles e a minha
crucificação.
246. Sugeri que depois de minha morte se dispersassem e
voltassem para a Galileia. Pedro comoveu-se profundamente e reagiu com
violência negando que algum dia me abandonaria, mas, é claro, foi o que ele
fez.
247. Mesmo depois de todo o amor que tinha por meus companheiros
e de tudo o que desejava obter para eles, naquele momento de minha própria
necessidade, ainda encontrava total falta de compreensão, até resistência.
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